segunda-feira, 3 de março de 2008

Às plamas do deserto

"Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa
amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita."
Carlos Drummond de Andrade

Poderia até citar outros poetas, outras dores, outros versos que imploram os tapas do amor, e se moslestiam porque gostam. Assim sabem que vivem, que amam e desamam, que teimam em abrir a caixa de Pandora, sofrer suas penas e alegrar-se pelo próprio sofrimento.
Felizes os que sofrem por amor, pois estes não levam no peito um coração amordaçado, não desistem de ver doçura na vida e acreditam na transformação, seja ela por nascimento ou por morte. Sim, que vivam em júbilo os amantes solitários, que estes sentem o sangue de seus companheiros, têm a boca tremula, os movimentos cardíacos acelerados, reconhecem os cheiros, os sabores e as memórias.
Muito mais contente é o ser amante que o ser somente amado, este infeliz que conta as migalhas do pão partido, a qualidade da rosa dada, a liberdade assistida. Quero antes me afogar nas lágrimas, tomar países e fazer revoluções!

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